quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Re Começando...


Hoje estou tentando iniciar um relato. Já tentei caderno, igual na época de adolescente... (e lá se vão muitos anos), mas hoje, com minha cabeça funcionando da maneira que funciona e com a velocidade que os pensamentos vêm... Se torna impossível escrever a mão. Digitar é mais rápido, combina mais com o nosso tempo e possibilita a experiência de compartilhar com um monte de gente: com os mesmos problemas que eu ou não.
Já tive um blog, há milhões de anos (é o que parece). Mas era sobre emagrecimento. Na época foi uma experiência bem legal, conheci muita gente bacana... As redes sociais ainda não eram como são hoje: não existia Facebook e Instagram, era a época do falecido Orkut.
Se eu emagreci? Sim, na época quase 20 quilos... Depois engordei o dobro e bom, acabei me submetendo a uma cirurgia bariátrica. Mas isso é história pra outro post.
Hoje, vou falar sobre o que motivou a criação deste novo... A minha terceira internação em uma clínica psiquiátrica.
Depois de vários dias de outra crise depressiva, tendo trocado a medicação e sem melhorar, me dei conta planejando mais uma vez outra tentativa suicida. Desta vez não iria ingerir medicações: esse jeito eu sei que não funciona... Não cheguei nem perto de morrer das outras duas vezes... Meu corpo tem uma resistência inacreditável a essas bolinhas... e eu admito que não soube fazer direito. Desta vez, iria me cortar... É incrível e horrível, mas eu tinha uma curiosidade louca sobre como seria, mas nunca tinha tido coragem. Nas outras internações vi meninas bem jovens com os bracinhos cheias de marcas, eu pensava: será que dói? Vi uma série em que a menina se matou desta forma... Bem famosa a série, estava na Netflix na época. Eu assisti durante uma das minhas licenças médicas para tratar da depressão... Nada apropriado, eu sei!
Bom, num belo dia de sol, meu namorado saiu pra trabalhar e eu mergulhada naquela escuridão, fui pra cozinha. Peguei a primeira faca: adivinha? Não tinha fio. Acho que não cortava nem água. Fui pegando outras... Nenhuma dava certo: só uns arranhões. Aí peguei uma que tinha uma pontinha e fiquei literalmente “cavocando” meu pulso, em busca de uma veia, fui rasgando, aos poucos... Dor? Só no início. Depois a adrenalina acho que vai tomando conta. Fiz vários arranhões no braço direito também, Aleatórios, sem direção certa. Uma coisa meio desesperada... Quando vi uma bolha de sangue coagulado, pensei: essa merda não vai dar certo! E me veio a imagem do meu namorado... Do quanto ele ficaria decepcionado... Triste, preocupado. Talvez não me perdoaria! Ele tem me acompanhado neste último ano difícil, em que finalmente foi diagnosticado o Transtorno Afetivo Bipolar. Tem me ajudado, mas também foi gatilho de algumas das minhas crises, cada vez que brigávamos, eu ficava completamente desestabilizada, sem saber lidar com meus altos e baixos emocionais e com as desventuras normais da vida.
Desde que comecei a ficar na casa dele, e não ele na minha, as coisas se acalmaram... Até este episódio. Bom, quando vi aquele coágulo enorme... Pensei na grande besteira que estava fazendo: mas infelizmente não porque queria desistir de morrer... Mas porque vi que não daria certo. Liguei pra uma amiga chorando muito, ela prontamente veio ao meu encontro, em seguida, chegou meu namorado. O que vem depois vocês sabem: pronto socorro, curativo, hospital psiquiátrico. Meu médico psiquiatra que me conhece bem, não estava e o médico do plantão, óbvio: me internou. Na unidade onde ficam as mulheres com as maiores dificuldades, doenças... Emocionais e psiquiátricas. Mas acontece que eu já conheço bem o sistema: terceira internação lembra? Me comportei direitinho... Três dias depois estava na unidade semi-aberta e no mesmo dia fui transferida para a aberta. Segui me comportando bem... A comida era horrível e eu estava com muita saudade do namorado e da minha filha canina... Voltei em uma semana. Meu namorado? Sim, bem chateado... Minha cachorrinha? Muito feliz em me ver!!!